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25 de set. de 2023

A hora da FLIBO, por Lau Siqueira

Lau Siqueira (Imagem: Polêmica Paraíba)

Entre os dias 20 e 23 de setembro acontecerá a décima terceira edição da FLIBO – Festa Literária de Boqueirão, no coração do Cariri paraibano. Região que já revelou talentos imensos ao Brasil, como o poeta Pinto do Monteiro que dizia: “poeta é o que tira de onde não tem e põe onde não cabe”. Ainda não vi uma definição melhor para a essa estranha mania de colocar as palavras na moenda para extrair versos.

A FLIBO faz parte de uma rota cultural muito ativa em nosso país, a rota das feiras literárias. A Paraíba entrou no embalo e já produziu várias feiras importantes e continua produzindo. Cidades mínimas, muitas vezes se destacam pelo trabalho saído dos ambientes escolares para enaltecer a produção literária regional e nacional. Grandes nomes da literatura brasileira já passaram pela FLIBO, a exemplo de Ariano Suassuna, Bráulio Tavares, Maria Valéria Rezende e outros.

Boqueirão deveria ser pesquisada por entidades como o Instituto Pró-Livro que realiza periodicamente a pesquisa Retratos da leitura no Brasil. Quem acompanhou esse movimento em Boqueirão desde o seu nascedouro, pode testemunhar mesmo ainda sem fonte de dados oficiais, alguns impactos evidentes deste evento. Numa cidade com pouco mais de 17 mil habitantes a FLIBO impacta na economia, na cultura e na educação diretamente. Não apenas na cidade, mas na região e no estado.

Lembro de conversar com um jovem na feira de livros da FLIBO anos atrás e ele me dizia da forma entusiasmada como esperava a FLIBO para renovar o seu pequeno acervo. A feira de livros que é realizada anualmente é um dos lugares mais frequentados pelo público. Ou seja: num curto espaço de tempo a FLIBO já produziu um público consumidor de livros na cidade que gerou também uma demanda e o aparecimento de uma pequena livraria. Portanto, mais que formar leitores a FLIBO formatou a vocação da cidade.

A Festa Literária de Boqueirão é vista com admiração não apenas na Paraíba, mas na região inteira e já se inscreve na rota das principais feiras literárias do país. Ainda que com sérios problemas de financiamento para que possa crescer mais ainda. A cidade oferece também a beleza de um dos maiores açudes do Nordeste, o Açude Epitácio Pessoa, e os encantamentos do Lajedo do Marinho. Um belo roteiro, portanto, para um turismo cultural de bom gosto.

Todavia, não se realiza uma feira literária de tamanha grandeza sem uma forte organização social. E há uma instituição vocacionada para isso. A FLIBO é um empreendimento dos escritores locais. Uma obra da Associação Boqueirãoense de Escritores – ABES, com tamanha influência na cidade que por lá foi criada a Praça da ABES, onde acontece anualmente esse acontecimento que dialoga com as mais qualificadas vozes da cidade, do estado e do Brasil.

Já é tempo de vermos esta experiência sendo discutida em Parati e nas grandes bienais e salões do livro do Brasil e do exterior. A ABES nos mostra como fazer uma feira de literatura que funciona como uma política social vigorosa, onde a literatura é vista como um direito humano. Certamente o grande Antônio Cândido adoraria conhecer este fruto do seu pensamento que tanto contribui para a sociedade. Tudo acontece a partir de um profundo diálogo com a Educação.

Conduzido com responsabilidade pela ABES, a FLIBO ganhou a confiança da cidade e vai atravessando o tempo, gestão sobre gestão, se impondo pelos benefícios diretos que traz para toda a região onde, inclusive, já gerou frutos como a FLIBARRA – Festa Literária de Barra de São Miguel. Outra festa literária que tem contribuído diretamente para o desenvolvimento cultural, educacional e humano da cidade.

Publicado em: https://cronicascariocas.com/colunas/a-hora-da-flibo/

3 de ago. de 2023

Associação Boqueirãoense de Escritores define data e homenageado da 13ª edição da FLIBO

 


Com o tema "Leitura, um hábito que muda a vida!", a ABES (Associação Boqueirãoense de Escritores), anuncia o homenageado e data da tradicional Festa Literária de Boqueirão (FLIBO).
Para a 13ª edição que ocorrerá de 20 a 23 de setembro, a associação prestará homenagem ao escritor Efigênio Moura, escritor, radialista, formado na área de Marketing, escreve romances ambientados no Cariri paraibano e ganha destaque pela valorização linguística e cultural de suas obras.


Efigênio Moura e seu nono livro 'Siá Filiça'. (Por Coletivof8)

O romancista começou escrevendo poemas marginais, enquanto trabalhava como vigilante de banco. Poesias marginais são aquelas que não obedecem a uma métrica e uma rima, mas que tem uma lógica.

Muito tempo depois participou de um concurso em João Pessoa, com o conto da peleja, que fez ao ver uma cena tragicômica de uma mulher esbaforida pelejando para subir a Ladeira da Borborema. Acabou sendo reprovado no concurso, por seu conto ter duas laudas a mais que o permitido. Mas foi da continuidade desse conto que surgiu ‘Eita Gota! Uma Viagem Paraibana’, o seu primeiro livro.

Assim como os “zóio” de Luzia “briavam” (uma de suas personagens), os de Efigênio Moura também “bria” ao escrever sobre a sua região, em descrever as ruas, as estradas, a poeira, as casas, o calor, as plantas, as festividades e tradições da sua terra. De representar a fala do caririzeiro, do homem do campo, como ela de fato é. De priorizar suas origens e de levar o cenário nordestino ao Brasil a fora.

Texto e imagem: @coletivo.f8


24 de mar. de 2023

Festa Literária de Boqueirão reconhecida como Patrimônio Cultural da cidade


No ano de 2022, durante a sua 12ª edição, a Flibo ganhou um importante reconhecimento. Tornou-se Patrimônio Cultural da Cidade de Boqueirão, através do Projeto de Lei de autoria do Vereador Josinaldo Porto.

Entender o que é patrimônio cultural envolve compreender a importância da cultura para a sociedade. O conceito, inclui o conjunto do conhecimento, dos costumes, hábitos, a arte, e outros aspectos de uma dada sociedade. É uma noção que funciona como elementos identitários de um povo. 

Crônicas Felinas, de Maxwell F. Dantas

Arquivo Pessoal do autor

CRÔNICAS FELINAS - Apresentação

Primeiro, veio a Lua...

Depois, a Sol (isso mesmo: A Sol, no feminino)...

Então, em fevereiro, numa data que remetia à uma morte indelével (a da minha querida mãe), o nascimemto de Berry, Teddy, Mel e Manu, como uma intersecção do ciclo da vida, oriundos do ventre de Sol - filhotes nomeados pela minha filha Lizi.

Em seguida, Mel e Manu ganharam novos, e igualmente amorosos, lares.

Eu, Maxwell F. Dantas, oferecerei a todos que adoram os Felis Catus [nome científico dos nossos queridos gatinhos de estimação], aqui no Instagram, as CRÔNICAS FELINAS.

Irei descrever as peripécias diárias de Lua, Sol, Barry e Teddy, descrevendo as carismáticas e distintas personalidades destes adoráveis companheiros do meu dia a dia. E aproveitarei para abordar os mais variados temas (comportamento - felino e humano -, recortes do dia a dia, formas de ver o mundo, relações interpessoais, interfelinas, entre humanos e felinos, entre outros).

"Fofos", "ágeis", "divertidos", "atentos", "independentes" e, sim, "companheiros"... tudo isso já foi dito sobre os gatos e eu assino embaixo!

Andei até investindo em livros sobre gatos, assistindo documentários e observando-os com mais atenção... tudo isso para dar substância a estas crônicas que publicarei por aqui.

Espero que leiam. Se lerem e gostarem, tanto melhor. Se lerem, gostarem, curtirem e comentarem, eu sairei miando sobre os telhados da vizinhança...

LUA [quando nós é que somos os satélites]

Eu queria Acarajé... Lizi e Raquel preferiam Lua. E foi mesmo a Lua que (re)surgiu no nosso céu, pois foram 22 anos sem criar gatos; ficou uma mágoa quando Bidito me abandonou [mas isso é tema para outra crônica]. Agora, a estrela (ou satélite?) é Lua. Inclusive, no caso Desta Lua, não é ela que orbita ao nosso redor, mas sim o contrário.

Voltando à onomástica, Raquel (esposa) e Lizi (filha mais nova) venceram o processo de escolha do nome. Na verdade, para dar fim à questão, ficou: LUA ACARAJÉ MARINHO DANTAS.

Contudo, no fim das contas, quando a chamamos, dizemos "Lua... pchi uí uí uí... Ô, Lua... vem comer, Lua!...

Quando criança, e era ainda filha ... digo, gata única, Lua adorava brincar comigo《eu lançava uma bolinha de borracha em sua direção, numa trajetória crescente, e ela saía debaixo do sofá, numa arrancada digna de Ayrton Senna, e dava saltos ornamentais para pegar a bola, ou dava uma tapinha nela em pleno ar (nessa hora, a cena parecia ficar em câmera lenta - sensacional / ginástica olímpica felina).

Quando olho para Lua hoje, penso numa dama francesa do século XIX, numa intelectual abusada, na impulsividade dominada pelo estoicismo. Por exemplo: quando ela quer comer, nunca pede miando (igual aos outros três) ou chega muito perto de mim (como os outros três). Ela apenas para no umbral da cozinha e fica parada, em uma postura que parece ter saído de um livro de etiqueta [ como portar-se à mesa ]. Parece que ela sabe perfeitamente que eu sei o que ela quer. E quando rarissimamente mia nessa ocasião, o faz bem baixinho e parece até estar dizendo "eu não quero incomodar, mas você poderia colocar um pouco de ração para mim ? Ah... misturada com sachê de frango ao molho, s'il vous plaît". 

Curiosamente, Lua veio da rua (uma moça a acolheu para doação). Felizmente, nós chegamos primeiro.

À tarde, Lua vem deitar-se ao nosso lado na cama. "Mas lembrem-se: não venham mexer em mim. Eu estou aqui para dormir, assim como vocês". rsrs. Começa enroscada, termina espalhada (e às vezes dando a língua).

Quando não aguento apenas contemplar a fofura e faço cafuné, ela vai dormir no alto da estante dos livros.

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